sábado, 27 de outubro de 2007

Penúltima palestra com repórter da Piauí

Jornalismo de comportamento e Piauí foram os assuntos da tarde de ontem, apresentados por Daniela Pinheiro. A jornalista trabalha na revista desde janeiro, após dez anos na Veja. Sobre esta transição ela comenta: “a Piauí tem texto solto, mas para fazer isso, você precisa aprender muito bem o texto preso. Eu trabalhei dez anos com o texto preso”. Na opinião de Daniela, a Veja é a melhor escola. “Todo mundo devia trabalhar lá, aprendi a hierarquia da redação, a cultivar fontes, a separar a relação das fontes com o jornalismo...”, enfatiza.

A repórter conta que na Piauí não existe uma hierarquia de redação, pois são apenas em sete repórteres, e nem reunião de pauta. “Eu sinto falta da reunião, mas também acho que não ia dar certo, pois carioca fala demais”, graceja. Na revista, os repórteres propõe a pauta aos diretores e a maioria deles viaja muito, por isso, no começo do mês é difícil encontrar alguém nas redações. “A revista acaba ficando muito cara, mas ela permite a possibilidade de fazer matérias que ninguém nunca viu. Além disso, não há prazos para entregas, a reportagem do João Moreira Salles sobre o FHC, por exemplo, demorou sete meses para ficar pronta”, explica Daniela, e complementa que quem não tem matéria para sair naquele mês ajuda no fechamento da edição. Sobre os textos da Piauí, ela avalia: “como são longos, é muito fácil começar a encher lingüiça, deixar o texto solto demais ou até maçante”.

Muitos textos da jornalista, tanto na Veja quanto na Piauí, são de jornalismo comportamental ou têm de algum tipo de análise de comportamento. Ao falar deste tipo de reportagem ela pergunta: “como evitar o brega?”. E responde com algumas dicas: “Primeiro, é preciso sobriedade na hora de escrever. Depois temos que evitar o cacoete das metáforas, elas são muito comuns e eu acho desnecessárias. Além disso, é muito fácil você achar que já viu aquilo muitas vezes, mas temos que ter o olho para ver as coisas que parecem banais e rendem boas histórias”. Daniela se diz contra a moralidade, filosofias e lições nas reportagens, e finaliza: “no jornalismo comportamental é legal ter um personagem, é só procurar, existe personagem para tudo”.

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