Ana Carolina Fernandes mostrou que é possível reunir informação e beleza no fotojornalismo. A palestra da fotógrafa foi realizada na tarde desta terça-feira. "O jornalismo é a melhor profissão do mundo", começou Ana Carolina. A fotógrafa contou sobre o início de sua carreira, "aprendendo na marra, na rua". Ela estagiou em O Globo e no Jornal do Brasil, este último "uma grande escola" para a fotógrafa.
A repórter fotográfica da Folha de S. Paulo na sucursal do Rio de Janeiro comentou sobre a violência da cidade. Ela já fez um treinamento de guerra e trabalha freqüentemente com colete à prova de balas. A violência e o confronto entre polícia e tráfico é um tema recorrente nas fotos de Ana Carolina, algumas delas premiadas e mostradas durante a palestra. “Eu gosto dessa adrenalina, de estar no meio do tiroteio”, confessa.
A palestra foi também um momento para contar as boas histórias que estão por trás de uma boa foto. Se ela já teve medo de tirar alguma foto? Teve sim. Foi no começo da carreira, quando ainda era estagiária. O personagem era o então presidente João Figueiredo, que tomava banho de sol num hospital após uma cirurgia no coração. “Eu podia ter feito a foto, mas não fiz”, revela. Se antes ela tinha medo, hoje não tem mais. “Pior do que o medo é a energia do lugar. Tráfico, armamento, bandido, é a falta total de espiritualidade.”
A qualidade e a beleza das fotos de Ana Carolina chamaram a atenção das pessoas presentes. Segundo a fotógrafa, o supra-sumo do fotojornalismo é quando ele tem um toque de arte. “Tentar sempre fazer para não deixar a realidade tão dura” é a dica de uma profissional que procura sempre por “um pouco de poesia nas fotos”. Os temas preferidos? “O que eu realmente gosto de fotografar são pessoas, a cara do brasileiro, o ser humano na sua essência”, conta.
Ana Carolina deu várias dicas para um bom trabalho em fotojornalismo, como ficar atento aos detalhes da plasticidade e tentar passar a maior quantidade de informações na fotografia. E na hora do clique, a dica de uma fotógrafa que trabalha com “muito tesão” é essa: rezar para São Cartier-Bresson.
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